sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Saúde financeira para o casal

Para não precisar conviver com o fantasma dos problemas financeiros, é preciso que um casal saiba bem como lidar com as coisas que envolvem dinheiro dentro de casa. Não adianta achar que o amor e a paixão resolvem tudo - até a conta vermelha e o aluguel atrasado.

Esqueça o tabu e saiba que falar sobre o assunto pode evitar muita dor de cabeça.

A intimidade, que deveria apenas somar pontinhos positivos para a relação, pode atrapalhar quando o assunto é dinheiro - e a conversa não é aberta, claro. "Há um pensamento socializado que falar sobre dinheiro é algo feio e pecaminoso, num contraste com a pureza do amor e da entrega", diz a consultora financeira Suyen Miranda, especialista em finanças. Aí, mesmo com um super envolvimento, as pessoas ficam envergonhadas de mostrar suas inseguranças quanto a valores e divisão de bens, por exemplo, achando que irá desagradar o parceiro. "Isso vale para homens e mulheres. Vejo isso acontecendo inclusive entre casais homossexuais, que falam de tudo, mas quando o tema é dinheiro a coisa muda completamente", relata.

Se um tema importante não é analisado e pensado em conjunto, abre-se uma brecha para que problemas pequenos ganhem proporções muito maiores. "Quando a questão financeira não é tratada claramente, a situação só tende a piorar à medida que o tempo passa, vem os filhos e o descontrole se torna muito complexo, mesmo em situações onde há muito dinheiro disponível", analisa Suyen.

Para resolver os conflitos que aparecem por dinheiro na vida do casal sem grandes brigas, o primeiro passo é vencer a vergonha de falar sobre as finanças. Então, nada de se achar materialista - ou acusar o amado do mesmo. "Chame o parceiro para uma conversa sobre objetivos comuns a curto, médio e longo prazos. Nesta conversa, o fundamental é não voltar para o passado procurando culpados ou remoendo erros. O foco deve ser onde chegar com o novo planejamento financeiro e as formas práticas de agir para conseguir isso, seja para comprar um bem comum ou para quitar as dívidas pendentes", ensina.

Outra dica de Suyen é para quando os dois trabalham. Segundo ela, é saudável ter conta corrente e cartão de crédito próprios, assim como controle de finanças. "O casal deve ter um pensamento comum sobre dinheiro, dividindo despesas, numa fórmula encontrada que seja boa e aceita plenamente por ambas as partes", completa. Isso dá autonomia a qualquer um para presentear e comprar algo diferente sem o precisar escutar comentários que acabam com o romantismo. "Mesmo se um não trabalha, deve ter a própria conta corrente e cartão de crédito. Basta acertar uma verba para fazer o que quiser, desde comprar um vaso de flores até mudar a cor dos cabelos", sugere.

Vale lembrar que a mulher que é dona de casa e cuida dos filhos precisa de dinheiro para fazer suas coisas, mesmo que não tenha uma atividade remunerada. "Neste caso, uma conversa com o marido para estipular uma verba para as coisas pessoais, e mesmo guardar um dinheiro para presentear, fazer um tratamento estético é ideal. E a despesa doméstica será, neste caso, bancada pelo marido, que é quem gera renda para a família".


Suyen acredita que quando o relacionamento é sólido e há uma conversa natural sobre dinheiro, mesmo que a família "quebre" ou o casal entre em sérias dificuldades financeiras, o relacionamento não irá acabar. "O relacionamento acaba por diversas razões que ficam potencializadas com a questão das dívidas e do dinheiro, mas dinheiro não é o responsável final pelo fim da relação", diz. Há quem use o dinheiro como desculpa para sair de uma relação, que pode ter acabado por outro problema menos aceito socialmente - e a falta de dinheiro simplesmente acelera a decisão de acabar com a história. Mas, em alguns casos, é possível se fortalecer no meio da dificuldade. Basta saber de qual lado dessa história você prefere ficar.

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