quarta-feira, 30 de junho de 2010

Seu patrão pode estar lhe investigando na internet. Saiba como.

Na medida em que cresce o volume de funcionários com acesso à web, aumenta a dúvida do que é aceitável ser feito no ambiente do trabalho. Você sabe que tudo o que faz e escreve pode ser controlado, já que é a empresa a fornecedora dos recursos de acesso à rede mundial de computadores?
Para explicar o que e como as companhias controlam seus funcionários, falamos com o consultor em segurança e autor de livros como “Segurança Sem Fio” e “Segurança Nacional”, Nelson Murilo.

O especialista ainda é responsável pela elaboração de políticas de segurança em órgãos governamentais, realiza testes de vulnerabilidade e investigação forense em bancos, financeiras, empresas aéreas e órgãos federais. Atualmente é diretor da Pangéia Informática.

As empresas têm ferramentas para controlar o que os funcionários fazem na web? Quais são as mais comuns?
Murilo - Existem ferramentas para controlar o que o funcionário faz na internet, como programas que monitoram ou bloqueiam acesso a redes sociais, webmails, sites de compartilhamento de arquivos entre outros. Existem também os que monitoram/bloqueiam a comunicação por meio de bate-papo, e-mails e voz sobre IP.
Estes controles são possíveis no local de trabalho, porque os meios são fornecidos pela empresa. Com o advento dos dispositivos móveis, porém, este controle se torna mais difícil e ao mesmo tempo mais necessário.

Algumas empresas permitem o uso de mensagens instantâneas. Elas podem controlar o conteúdo de bate-papo?
Murilo - Tecnicamente sim. E em geral as empresas estão amparadas legalmente para isso, já que fornecem os recursos de acesso ao funcionário. Sendo assim, a companhia espera que esses recursos sejam usados exclusivamente para trabalho.

O senhor sabe se as empresas controlam acessos a sites e o tempo que seus funcionários passam em cada um deles?
Murilo - Sim, algumas fazem isso. Normalmente não como uma forma de controle por si só, mas para poder negociar horas extras, por exemplo. Se um funcionário gasta mais tempo em sites considerados não relacionados ao trabalho será mais difícil convencer o chefe a aprovar horas extras, por exemplo.

O que os funcionários escrevem nos e-mails corporativos pode ser controlado?
Murilo - Sim, pois os recursos (equipamentos, link, conectividade etc) são fornecidos pela empresa. Porém, os profissionais precisam ser avisados dessa possibilidade. Eles normalmente assinam um termo aceitando essa condição na hora da contratação.

Em sua opinião, como os funcionários devem fazer para evitar problemas?
Murilo - Existem vários tipos de problemas em que um funcionário pode se envolver, como vazar informações sigilosas ou comprometer a imagem da empresa. A maneira mais simples de evitar complicações é perguntar a um superior antes de divulgar qualquer informação da empresa e usar o bom senso para falar do local de trabalho.

Poderia dar exemplos de funcionários que tiverem problemas depois que as empresas "investigaram" seu histórico na internet?
Murilo - São vários os exemplos. Desde profissionais demitidos pelo vazamento de informações, até demissão por envio de pornografia pelo e-mail corporativo. Foram demissões por justa causa, inclusive.

Em períodos como o da Copa, as empresas apertam o cerco para saber o nível de produtividade de funcionários e quanto eles andam assistindo de jogos?
Murilo - Isso varia de empresa para empresa. Em minha opinião, funcionários rendem mais quando podem ter uma válvula de escape. A Copa do Mundo é um momento excelente para aproximar as pessoas e integrar áreas que, normalmente, tem pouca afinidade. Estreitar laços de relacionamento é importante não só para melhorar o ambiente de trabalho, mas também pode refletir positivamente na produtividade.